segunda-feira, 25 de abril de 2011

De repente... (Por Carolina Cunha Pereira)

 

Coloquei uma Sertralina na boca para aliviar o amargo que me toma conta. Engoli a seco, seco como a realidade lá fora que insiste em me desfazer. Olhei para a cartela. Eram vinte mortes convidativas me chamando. Apreciei mais uma e mais uma. E me dei o luxo de tomar mais uma. Porque se posso abusar da droga da vida reificada, porque não posso me dar ao luxo de me deleitar em pílulas de felicidade? Tomei mais uma e mais uma até o estômago reclamar. Até sentir que algo em mim vive, pensa, e não apenas pulsa na freqüência da rotina. Olhei para o espelho. Não vi nada. Minha imagem era um borrão. Uma névoa escurecida pelos dias. E talvez fosse ilógico tentar me enxergar visto que perdi até mesmo a capacidade de me sentir. Toquei o vidro frio em um gesto solitário. Eu sou um coração partido no mundo. Eu sou um coração solitário no mundo. Talvez eu seja isso, um grande erro. Talvez eu seja o que nem sei. Eu só nasci para ser senão vida...Mas eu olho pela janela e só vejo luzes apagadas. Eu só vejo lares destruídos e mundos caindo ao som de engrenagens de fábricas. Eu só vejo corações partidos...mas no momento eu só quero saber para onde ir...quando as estrelas começarem a cair... 

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